terça-feira, 23 de junho de 2015

CiRANDiNHA "MÃOS DE CATARINA"



MÃOS DE CATARINA 
  
  
Minhas Mãos
Catarina Fontan 


Cheguei até aqui com as minhas mãos...
Companheiras tolerantes do meu aprendizado.
Enquanto colhia tolos grãos,
apontavam-me erros cometidos no passado.

Ensinaram-me tudo: do toque carinhoso
ao ato compreensivelmente valente,
como impulso impiedoso
na sobrevivência do "ser gente".

Mãos minhas tão viajantes,
embrulhadas em ternuras transparentes,
olham-se hoje nos espelhos sufocantes,
silhuetas sem retoques fluorescentes.

Essas mãos, que bordaram com suavidade
paixões marcantes da minha juventude,
são as mesmas que esquecem hoje a idade,
revivendo páginas viradas em plenitude.

Mãos que cruzaram oceanos temidos,
sem sequer cruzarem-se entre elas,
tocam hoje o meu peito destemido,
encorajando os sonhos nas favelas.

Mãos que brincaram na infância,
partilhando brinquedos e desejos
com seres roubados de fragrância,
que a vida apunhalou com despejo.

Mãos ainda ontem embalando fantasias,
já não secam lágrimas de frustração;
levo-as comigo em cantorias,
ousam reger as dores do meu coração.
(escrito de 1978 a 1981)

Mãos queridas... idolatradas,
despedem-se uma da outra ainda em vida.
Uma acredita ser o mastro do amanhecer;
a outra entardece e se faz vencida.

Enquanto assisto à triste despedida,
com uma aceno esperança por euforia...
Com a outra choro a esperança tardia...

Mão minha, sobrevivente,
ainda não abras a porta,
deixa-me ver mais uma vez o dia nascente,
colher um pedaço de vida na minha horta.

Mão querida,
quando chegar a hora da minha partida,
afaga-me, embeleza-me de flores,
vai na frente, estende-te renascida,
acolhendo-me para o doce da outra vida.

(escrito em 29/04/2007) 




II
Eda Carneiro da Rocha 


Tendo estas mãos, se tornou rainha!
Mãos obreiras, lindas, vivas,
tão sábias ao amor,
ricas em bondade,
companheiras
a vida inteira!

Mãos afagadas, beijadas,
nunca esquecidas.
Amigas, uma da outra,
apesar de meio separadas,
sempre estarão juntas
em suas louvações!

Essas mãos, Senhor,
deixai-as viver muito ainda.
Contemplar muitos poentes,
se extasiar com muitos nascentes,
bendizer a terra que ama,
as flores perfumadas com seu amor,
nessa vida onde entrevê Esperança,
com atos apenas de bonança!

Saúdo as mãos de Catarina,
suas e minhas,
amando suas mãos
com esta terna emoção!

Pudesse eu beijá-las ainda,
fazendo-o, em pensamento,
mas a distância é real...
Sinto suas mãos nas minhas,
fada encantada
do meu amanhecer,
enquanto eu viver! 




III
Gília Gerling 


Mãos que não conheço,
que nunca toquei
nem nunca aqueci.

Mãos que nunca apalpei,
que nunca abracei
nem tampouco beijei.

Mesmo assim,
São mãos que falam e eu escuto.
São mãos imagináveis para minhas retinas,
mas que as vejo movendo-se suaves e seguras.

Mãos de Catarina...
Mãos que não conheço o perfume,
mas que, pelas palavras que escrevem,
deixam rastros do mais puro e nobre jasmim.

Mãos de Catarina...
Pelo que sei, mãos que suportam,
afagam, aceitam,
sofrem, mas se superam.

Mãos de Catarina...
Mãos que nunca as vi,
mas, tenho certeza, as reconheceria em
qualquer constelação. 




IV
Helena Fontan 


As mãos da minha irmã Catarina
adormeceram as minhas angústias,
mostraram-me sal e mel... sonhos e realidades...
Entrelaçaram-se às minhas, enfrentando fatalidades.

Mãos de Catarina, persistentes na luta,
sábias e doces, hoje muito carentes,
teimosas e impacientes,
não se recolhem, lutam e estimulam
seus estímulos já ausentes. 




V
Ilka Vieira 


Foi naquela tarde de janeiro
que conheci essas mãos tão queridas.
Senti que não era um afago passageiro....
Estávamos entrelaçando nossas vidas.

Mãos de Catarina surgiam repentinamente,
transportando experiências... calmarias,
diante de turbulências tão presentes
ou mesmo na partilha em horas de harmonia.

Mãozinhas modestas, delicadas e guerreiras,
seguravam com a mesma suavidade
tanto o pão velhinho aquecido sem torradeira
como o peso das tristezas alheias em busca de solidariedade.

Mãos que adoçaram o paladar humano,
animal, vegetal, literário,
replantando amor no solo soberano,
sem sementes do impulso solidário.

Mãos poéticas que conduziram a minhas,
traduzindo metáforas à luz do meu amanhecer...
Brincavam comigo de juntar letrinhas
no belo ato de ensinar-me a escrever.

Ah, essas mãos que tanto me aplaudiram
em palco... em batalha... vencendo a agonia...
Essas mãos que jamais se desuniram,
desencontram-se agora... gerando poesia.

Resgata o sorriso de cada uma das tuas mãos, Catarina!
Não importa se uma fala e a outra emudece,
é o teu amor... o nosso amor que as fortalece...
São mãos de anjo desenhando a prece...
São mãos de Catarina retocando a VIDA! 




VI
Joelma Davinini 


Enobrece-me o direito de poetar sobre essas mãos.
Ainda meninas, as mãos de Catarina
não brincavam de roda, agarradas a outras mãos.
Tempo escasso, vida dura...
Tão finas e delicadas,
já viravam as madrugadas,
fazendo do estudo a sobrevivência,
deixando de lado as suas carências.
Quando partiram para a França,
essas mãos me acenaram dizendo:
- Estou indo colher o que plantei no entardecer!
Catarina, benditas as tuas mãos, que me fizeram resplandecer! 




VII
Lúcia Helena Paes 


Conheci as mãos de Catarina
retirando do chão uma criança adormecida,
abandonada, descoberta pela vida...
Mudou seu itinerário,
levando, lavando e alimentando a criança.
Deu-lhe carinho, um livrinho e esperança.
Aprendi com as mãos de Catarina
que precisamos elucidar nossas retinas
e estender a mão, sem fechar os olhos, em doação. 




VIII
Maria Aparecida Macedo
(Maria "Anjinha") 


Mãos incandescentes!
Mãos iluminadas!
Mãos de Anjo!
Mãos que tocam o Infinito!
Que embalam a Luz da Paz!
Que dão alívio e louvor à Esperança.
Mãos brilhantes abençoadas por Deus,
que embalam crianças, amigos, e que
acreditam no seu amanhecer.
Que sulcam a Terra, para nos dar alimento
colhido de sua horta.
Mãos que transmitem o dom de
afagar as flores do campo.

Mãos que chegam e acarinham nosso Ser.
Mãos benditas que tocam o nosso coração.
Mãos, que num pequeno gesto, nos acariciam.
Mãos mágicas e carinhosas que, juntas,
formam um elo de amor para nos amar.
São estas as mãos de Catarina! 




IX
Marise Ribeiro 


Mãos áureas luzidias... Mãos de Catarina...
Iluminando ainda da vida a ribalta...
Detenham-se!... Não é hora de virar a esquina
nem de abandonar a poesia que as exalta.

Mãos viajantes... Mãos de Catarina...
Através da arte, conduzindo um mundo...
Voem!... Deixem o entardecer no alto da colina,
ainda não é hora do silêncio infecundo.

Mãos purificadas... Mãos de Catarina...
Banhadas em versos de enlevado encanto...
Cantem!... Soem os acordes da voz da menina,
dela... doce Catarina, que as venera tanto! 




X
Martza Splendore 


Doces, mas educadoras,
as mãos de Catarina se fizeram alertas
ao longo da vida de que não me fiz autora.

Perdia-me nas trepidações da juventude,
Mas as mãos de Catarina resgatavam-me
repletas de decepções, mas salvando minhas virtudes.

Mãos de Catarina me fizeram amadurecer...
Escreveram no livro da minha vida:
Nunca é tarde para a si próprio merecer! 




XI
Regina Coeli Rebelo Rocha 


Tempo de nascer...
Tempo de envolver...
Tempo de falar... Tempo de calar...
Tempo de morrer...

Na esfera da Vida,
Tudo tem seu tempo
E sua razão de ser
Na chegada e na partida....

Ouvidos que ensurdecem,
Olhos que ficam cegos,
Vozes que emudecem,
Pernas que não mais caminham
Juízo que embrutece
Mãos que se desalinham...

O que se dirá das mãos
Que um dia se uniram
Para o aplauso eloqüente
E, hoje, se apartam... silentes?...

O que se dirá das mãos
Que tanto se encontraram
Na ponta dos abraços
E, ora se vê, se desabraçaram?...

O que diria a mão hoje calada,
Tão cheia de histórias um dia...
Protagonista de enredos,
Reveladora de segredos...

E a outra, parecendo adormecida,
Levanta-se de sua timidez,
Consola a voz emudecida,
Apresenta-se, é a sua vez...

É ela, agora, quem dá as cartas
Num sem jeito e com vagar,
Num respeito à outra, muda...
Balbuciando em seu iniciar...

Mas, a Vida deve continuar,
Independente das mãos,
Independente do tempo,
E no coração... se apoiar...

Um coração meigo e sábio,
Que sem ter pés nem mãos,
Atravessa ares e mares
E vem beijar outros corações...

Corações ávidos de carinho,
Que amam afagos que vêm pelo ar,
Que se sentem abraçados, queridos...
... ainda que sem mãos para os estreitar...

Entendamos as mãos, tão amigas,
Que, um dia, param pra descansar
A de Catarina Fontan... adormece...
Não se sabe se irá acordar...

Não importa, mãozinha adorada,
Agradecemos pelo que nos deste...
Estamos velando o teu aquietar...
Agradecemos por tudo que fizeste...

A outra, a que pouco liderou,
Velará por sua irmã, dormente,
Qual mãe prestimosa e querida,
Que vela o sono da gente...

Cuida-te, Catarina Fontan,
Guerreira amiga, tão destemida!
Ergue o teu espírito, rainha do élan,
Porque o teu valor vem da tua Vida! 



XII
Ruth Splendore 


Ricas e generosas mãos
ensinaram-me a ser mãe,
apontando os erros sem negar o perdão.

Quando as luzes se apagavam,
as mãos de Catarina se faziam presentes,
iluminando meus olhos displicentes.

Benditas mãos da amiga e escritora Catarina,
que tantas mãos salvaram,
incentivaram e lágrimas secaram... 




XIII
Thais S. Francisco
("beijaflor") 


Suas mãos, companheiras tolerantes
anos a fio, dependendo uma da outra
para, juntas, louvarem a Deus
por estarem ali, sempre a compartilhar
dos momentos de aprendizado...

Juntas aplaudiram as conquistas,
juntas enxugaram lágrimas,
ora de felicidade, ora de dor...
Juntas colheram os frutos vindos
do amor, da compreensão, da união..

Suas mãos, companheiras inseparáveis
nos momentos de divina inspiração...
Uma aparava o papel, a outra escrevia
poemas de amor, de vida!..

Suas mãos, divino instrumento
que amparou, acolheu, acarinhou,
ofereceu, doou e recebeu, hoje ainda
continuam inseparáveis companheiras,
talvez agora uma necessitando da outra
o amparo do esquecimento de seus movimentos,
mas... estarão como sempre estiveram...

Juntas... companheiras inseparáveis,
uma acarinhando a outra... e a outra...
fazendo a suave companhia,
mesmo que silenciosamente,
mas sempre presente!..

Uno agora, Poeta Catarina,
minhas mãos às suas
para receber da Mestra
o aprendizado de vida,
de perseverança e da
esperança jamais tardia,
pois esta será sempre a última
a se despedir!...



Livro de Visitas do site "Sob a Luz da Poesia", de Ilka Vieira
(Ano 2007)




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